A reposição hormonal é assunto recorrente na saúde das mulheres, especialmente a partir dos 45 anos.
Se você está sentindo ondas de calor, sudorese, mudanças de humor, esquecimentos recentes e vem ganhando peso mesmo sem mudar sua alimentação, é possível que esteja enfrentando o climatério – período que antecede a menopausa e que, na maioria das vezes, acomete mulheres entre 45 e 55 anos.
É verdade que algumas mulheres têm entrado na menopausa em idade mais avançada. Mas estas, segundo os especialistas, são exceções.
Neste momento, muitos médicos orientam a reposição hormonal. Mas será que esta conduta é indicada para qualquer pessoa?
Antes vamos entender melhor o que é este tratamento.
O que é terapia de reposição hormonal?
A terapia de reposição hormonal é um tratamento utilizado para aliviar os sintomas comuns da menopausa, caracterizada pela diminuição da produção de hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona. Ele visa, como o próprio nome diz, restabelecer as quantidades de hormônios no organismo.
Mulheres que possuem sintomas moderados e intensos característicos desse período, como citamos no início do texto, podem se beneficiar muito com a reposição hormonal que, além de aliviar os sintomas, pode contribuir para a melhora da vida sexual e na prevenção da osteoporose.
Toda mulher precisa de reposição hormonal?
Segundo os especialistas, cada caso deve ser avaliado individualmente. Algumas não têm os sintomas típicos da menopausa. Então, não é necessário iniciar o tratamento, desde que ela continue fazendo exames periódicos para acompanhar de perto a sua saúde.
A reposição hormonal é indicada para mulheres com os sintomas típicos do climatério e, nestes casos, torna-se uma ótima alternativa pra controlar algumas doenças ligadas à idade e a esta condição.
É o caso da osteoporose, que citamos no tópico anterior, pois os hormônios conseguem melhorar a captação de cálcio pelo tecido ósseo, e o câncer de cólon, por exemplo.
Um estudo(1) da Womens Health Initiative (WHI), realizado com 16.608 mulheres entre 50 e 79 anos, constatou que, com a terapia de reposição hormonal, houve redução de fraturas ósseas em 34% das mulheres estudadas e o câncer de cólon diminuiu em 37%. Nestes casos, a dose é avaliada individualmente e o tempo de reposição também varia de acordo com o histórico de cada uma.
Em mulheres que desenvolvem a menopausa precoce, o tratamento é, muitas vezes, recomendado para evitar desenvolvimento de algumas doenças degenerativas, como Alzheimer. Em outros casos, como, em mulheres que retiraram o útero, o tratamento pode ser feito somente com estrogênio.
Portanto, reposição hormonal é um protocolo individual que deve avaliar a realidade e a necessidade de cada mulher.
Mas, afinal, como a reposição de hormônios é feita?
Existem algumas formas de fazer a reposição hormonal, como:
- via oral: por meio da ingestão diária de comprimidos que contêm estrogênio sintético;
- injetável: com aplicações mensais ou trimestrais;
- transdérmica: com o uso de adesivo e gel;
- anel vaginal: que libera menos hormônios no corpo e deve ser trocado mensalmente;
- por meio de hormônios bio-idênticos, que são receitados pelo médico após um criterioso diagnóstico para saber a dose exata que a mulher necessita.
Ao iniciar a terapia de reposição hormonal, é importante que a paciente retorne ao médico após cerca de dois meses para fazer ajustes nas doses de hormônios, se necessário. Depois da adaptação, os retornos, geralmente, ocorrem a cada seis meses.
Antes e durante o tratamento, o especialista solicita uma série de exames, como de sangue, mamografia, ultrassonografia transvaginal e densitometria óssea, para acompanhar a saúde da mulher.
E quando a reposição hormonal não é indicada?
O mesmo estudo da WHI destacou diversos pontos que merecem uma observação criteriosa em relação à reposição hormonal indiscriminada, como aumento de: 29% de ataques cardíacos; 41% de derrames cerebrais; 113% de embolias pulmonares e 26% de câncer de mama.
Segundo o médico Drauzio Varella, o público feminino, quando chega à menopausa, já tem mais propensão de desenvolver ataques cardíacos e derrames cerebrais do que quando estava em processo fértil. Para ele, uma em cada três mulheres poderá morrer de ataque cardíaco. Daí a necessidade de se cuidar cada vez mais e optar pelo tratamento de reposição hormonal somente quando indicado por um especialista.
Quando se trata de reposição hormonal, é preciso ficar atento a algumas situações, como:
- mulheres que tenham ou já tiveram alguns tipos de câncer que dependam do estrogênio para sua evolução (como de mama ou de endométrio);
- histórico de câncer de mama na família;
- presença de tromboembolismo agudo ou tromboembolismo prévio;
- mulheres que tenham ou tiveram sangramento vaginal ou lesões do endométrio;
- doenças do fígado;
- miomas e/ou cistos de ovário;
- fumantes;
- obesidade;
- varizes de grosso calibre.
É importante ressaltar que, mesmo nos casos que merecem atenção, o médico pode recomendar, sim, a reposição hormonal quando os sintomas comprometem a qualidade de vida das mulheres. Nestes casos, o acompanhamento do especialista é fundamental, assim como os exames que ele deverá pedir rotineiramente.
Para quem sente tantos incômodos, a terapia de reposição hormonal tende a melhorar a qualidade de vida, já que tais sintomas, na maioria dos casos, desaparecem. Mas, se a mulher não sente nada, não existem motivos para fazer a reposição hormonal.
Quanto à descalcificação nos ossos devido à falta de produção destes hormônios, sempre é possível controlar e por meio de uma alimentação equilibrada ou com suplementos.
Portanto, a regra é: sempre consulte um profissional da saúde. Somente ele poderá avaliar e indicar o melhor caminho a ser seguido em cada caso.