Opuntia ficus-indica[Cactin]
Becaps Science

Avaliação do potencial biológico da Opuntia ficus-indica[Cactin]

A Opuntia ficus indica é uma planta originária do México que cresce de forma selvagem em regiões áridas e semi-áridas de todo o mundo. É um cacto arbustivo constituído por raiz, caule (cladódios) onde se encontram, consoante a época, flores e frutos (doces e suculentos).

A composição química de Opuntia ficus indica rica em hidratos de carbono complexos (fibras solúveis, mucilagens, celulose, etc.), compostos fenólicos, carotenóides, vitaminas C e E, glutationa e ácidos gordos poliinsaturados faz com que esta planta apresente várias actividades terapêuticas já cientificamente comprovadas.

Cactin®

O Cactin® é o extrato do fruto do cacto opuntia ficus-indica oferecido pela Becaps.


Origem, Habitat e Distribuição geográfica

A planta OFI é originária do México, encontrando-se amplamente distribuída pela América Central, América do Sul, Austrália, África do Sul e países mediterrâneos.

É uma planta tropical ou subtropical que cresce de forma selvagem em regiões áridas e semi-áridas de todo o mundo.

Descrição morfológica

A planta OFI é arbustiva, suculenta e ramificada, tem porte variável, desde rasteiro até arbóreo, podendo alcançar até quatro metros de altura.

É uma planta perene, fisicamente formada por raiz e uma série de caules carnudos onde se encontram, consoante a época, flores e frutos. O sistema radicular da planta OFI é superficial, carnudo, possui uma distribuição horizontal e desenvolve características xeromórficas que permitem à planta sobreviver a períodos prolongados de seca.

A superfície de cada espinho está coberta por uma cutícula que os protege da secura. Os caules mais jovens, macios e achatados, que surgem no extremo da planta são comummente designados de “nopalitos”.

Opuntia ficus-indica[OFI]


Uso tradicional e partes utilizadas da planta

Os cactos do género Opuntia spp. são usados na medicina tradicional, sendo considerados uma boa fonte de nutrientes de origem vegetal que pode melhorar a nutrição e saúde humanas.

São usados como fonte de alimento pelos nativos da América desde há milhares de anos. Alguns países utilizam partes desta planta (nopalitos e frutos) na alimentação e na indústria cosmética.

Os cladódios de OFI são utilizados em casos de blefarites, conjuntivites, psoríase, eczemas, edema, dores musculares, afecções cutâneas e no controlo da diabetes e para usufruir da sua actividade cicatrizante, antiulcerosa e antiinflamatória, nomeadamente, nas inflamações dos aparelhos respiratório (em situações de tosse irritativa sob a forma de xarope) e digestivo.

Potencial biológico de Opuntia ficus-indica

As diferentes partes da planta OFI possuem variadas propriedades que têm suscitado o interesse por parte dos investigadores e, por isso, têm sido realizados vários estudos com o intuito de conhecer melhor a sua composição química e consequentes propriedades farmacológicas que lhe conferem o seu potencial biológico.

Actividade antioxidante e antiulcerogénica

São poucos os registos na literatura acerca das actividades farmacológicas da raiz do cacto OFI. Alimi et al avaliaram o conteúdo em flavonóides e compostos fenólicos do extracto metanólico de raiz de Opuntia ficus indica f. inermis proveniente da Tunísia e, também, a sua actividade antioxidante, in vitro, bem como a capacidade gastroprotectora, in vivo, contra um agente ulcerogénico (etanol 80%) em ratos Wistar.

A análise fitoquímica do extracto da raiz da planta revelou elevadas quantidades de compostos fenólicos totais e o conteúdo total de flavonóides foi superior ao encontrado, por Galati et al, no sumo do fruto de OFI, conhecido pelas suas propriedades antioxidantes e antiulcerogénicas.

Efeitos dos “nopalitos” nos distúrbios gastrointestinais

Segundo Voet et al, uma possível explicação para os efeitos benéficos dos “nopalitos”, do género Opuntia, nos distúrbios gastrointestinais, Avaliação do potencial biológico de Opuntia ficus-indica 15 pode estar relacionado com a sua capacidade tampão de pH, uma vez que estes caules possuem múltiplos grupos ácido-base que são tampões eficazes no pH fisiológico.

Actividade cicatrizante e antiinflamatória

Na análise fitoquímica, estes autores, observaram nas várias fracções a presença de βsitosterol e α-amirina (na fracção hexano), ácido cítrico e ésteres metílicos de ácido málico (na fracção acetato de etilo), flavonóides e sacarose (na fracção aquosa).

Galati et al mostraram que o tratamento com uma pomada contendo 15% de cladódios liofilizados, aplicada em feridas produzidas nas costas de ratos, acelerou o processo cicatrizante quando comparado com animais não tratados ou tratados com sal sódico de ácido hialurónico (AH).

O processo de cicatrização pode ter ocorrido, segundo Galati et al, devido aos componentes dos cladódios terem influenciado a inflamação, a fibroplasia, a síntese de colagénio e a migração e proliferação de queratinócitos.

Actividade antiulcerosa

Os cladódios de OFI são usados frequentemente na medicina tradicional pela sua actividade antiulcerosa (Meyer e Mc Galati et al. (2001) estudaram o efeito curativo e preventivo de cladódios liofilizados em úlceras gástricas induzidas em ratos com etanol a 90% por via oral.

No que respeita ao tratamento curativo verificaram que, embora tenha havido uma redução no índice de úlceras, a mucosa ainda exibia células lesadas no epitélio de superfície, perto do ápice glandular, provavelmente, porque não terá havido tempo suficiente para restaurar os factores de defesa da mucosa.

Num outro ensaio, Galati et al. (2002a) observaram que, quando se administrou o agente ulcerogénico e, posteriormente, um homogenizado de cladódios, se verificou um aumento da produção de muco pelas células das glândulas gástricas e a presença de espaços glandulares reduzidos.

Actividade hepatoprotectora

Os efeitos antioxidantes podem ser atribuídos à presença de flavonóides nos extractos dos cladódios, mais particularmente de quercetina-3-metil éter que têm uma eficaz actividade sequestradora de radicais livres.

É sabido que o CPF induz stress oxidativo, faz aumentar significativamente os níveis séricos de ALT, AST, LDH, fosfatase alcalina (FA) e diminuir os níveis de albumina, o que traduz danos hepáticos, dá indicações da utilização de aminoácidos para oxidação ou para a glucogénese e sugere um aumento na mobilização lisossomal e necrose celular devido à toxicidade do pesticida.

É de notar que o restabelecimento dos níveis dos parâmetros avaliados está relacionado com a concentração de CPF, tendo-se verificado uma recuperação total para o tratamento com 10 mg/kg de CPF e parcial para os animais tratados com CPF a 150 mg/Kg e 1.5 g/kg de extracto de cladódios.

Actividade condroprotectora

Um estudo para avaliar a actividade de extractos liofilizados de cladódios de OFI, na produção de algumas moléculas libertadas durante os eventos inflamatórios crónicos da osteoartrite (óxido nítrico (ON) e Prostaglandinas E2 (PGE2)), em constituintes da própria matriz extracelular do tecido cartilaginoso (GAGs) e na susceptibilidade ao dano por outros oxidantes (espécies reactivas de oxigénio (ERO)).

Os principais compostos dos cladódios de OFI, com possível actividade neste processo, são os polissacarídeos (que promovem a aceleração do processo de reparação nos tecidos), as glicoproteínas, os compostos aromáticos (ex: pigmentos tais como as betacianinas e betaxantinas), os polifenóis, os ácidos gordos, algumas classes de lípidos, os esteróis, a glutationa, as vitaminas lipossolúveis (ex: vitamina C e E) e os carotenóides (ex: β-caroteno), importantes devido às suas propriedades antioxidantes.

Actividade antiinflamatória

Após o fraccionamento do extracto metanólico, isolaram um princípio, o β-sitosterol, que segundo os autores tinha actividade antiiflamatória, embora relativamente fraca quando comparada com hidrocortisona.

Actividade hipoglicemiante

Verificou que a glicémia em todos os pacientes diminuiu significativamente, após a ingestão de 500g de OFI. Demonstrou-se neste estudo, portanto, que a OFI exerce efeito hipoglicémico em pessoas com diabetes mellitus não insulino-dependentes.

Actividade diurética

À semelhança dos cladódios, no ensaio de Galati et al. (2002b) sobre a actividade diurética em ratos machos Wistar, também a infusão de fruto de OFI apresentou essa actividade, tanto no tratamento crónico (durante 7 dias), como no agudo, verificando-se, no entanto, com a infusão de fruto, um efeito diurético mais acentuado, principalmente durante o tratamento crónico.

Observou-se, do mesmo modo, que, às 24 horas, o volume urinário dos animais tratados com a infusão de frutos, por comparação aos tratados com hidroclorotiazida, era similar.

Segundo os autores, este efeito pode ter ocorrido, provavelmente, devido à presença nos frutos de compostos polares dos quais são exemplos os flavonóides glicosilados e o ácido Avaliação do potencial biológico de Opuntia ficus-indica 32 ascórbico.

Estes compostos poderão agir sinergicamente ou individualmente, promovendo uma vasodilatação inicial. A actividade diurética pode, também, ter ocorrido devido à riqueza do fruto em electrólitos, nomeadamente em iões K+ (Duro e Condorelli), por exercerem influência no epitélio renal.

A infusão de frutos apresentou, também, actividade antiúrica, no ensaio de Galati et al, uma vez que, os valores de ácido úrico sanguíneo diminuíram e os valores urinários tiveram uma variação de forma oposta. Segundo Galati a actividade antiúrica da infusão de frutos está ligada, provavelmente, a uma influência no metabolismo do ácido úrico devido a uma alteração de alguma actividade enzimática.

Efeitos ocorreram, provavelmente, devido à presença de compostos polares nos cladódios de entre os quais, os flavonóides glicosilados; electrólitos, nomeadamente de catiões potássio (K + ), todos eles, compostos associados à actividade diurética.

Fruto de Opuntia ficus indica

O fruto de OFI é muito rico nutricionalmente e pode ser promissor no que diz respeito à produção de alimentos funcionais e nutracêuticos, por possuir compostos importantes para o organismo humano.

Actividade anticancerígena

Sreekanth et al. (2007) avaliaram a actividade antiproliferativa da betanina isolada dos frutos de OFI numa linhagem de células de leucemia mielóide crónica (K562).

Os resultados demonstraram uma diminuição da proliferação das células K562 tratadas com betanina (dependente da dose e do tempo), sendo, esta, por via apoptótica. Segundo Reddy et al. (2005), a betanina a concentrações entre 12,5 μg/mL (25 μM) e 200 μg/mL (340 μM) – mostrou inibir o crescimento de células tumorais mamárias, do cólon, do estômago, do sistema nervoso central e dos pulmões.

Após os extractos do fruto serem injectados, por via intraperitoneal, um dia antes da injecção de células tumorais e, depois, durante seis semanas, observou-se que o tumor foi suprimido de forma significativa.

Verificou-se, também, a modulação da expressão dos genes tumorais sendo, os seus efeitos, análogos aos originados pelo 4-HPR.

O mecanismo anticancerígeno do extracto nao está completamente elucidado. Nesse mesmo trabalho, Zou et al. (2005), avaliaram, também, a acção do extracto aquoso do fruto inteiro de OFI em células epiteliais ováricas e cervicais e em células cancerígenas ováricas, cervicais e da bexiga.

Os resultados mostraram que o extracto aumentou a apoptose, inibiu o crescimento e afectou o ciclo celular das células cancerígenas, aumentando a fase G1 e diminuindo a fase G2 e a fase S. Os resultados foram dependentes da dose e do tempo.

Fontes:

https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2286/3/TM_15227.pdf

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